VAREJO CRIA CANAIS EM BUSCA DE CONSUMIDOR

O crescimento do comércio varejista nos últimos cinco anos e o apetite das redes em atender a praticamente todos os perfis de consumidor, independentemente de classe social, têm reativado o interesse de lojistas pelos polos comerciais de rua, principalmente regiões periféricas. É o caso do bairro paulistano Santa Ifigênia, ou de redutos da alta-renda, como as grifes instaladas na Rua Oscar Freire, perto da Avenida Paulista.

O segmento vive um período de reformulação e busca investimentos públicos de infraestrutura para se tornar cada vez mais atrativo, ressalta Juracy Parente, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "O interesse do consumidor é tentar se deslocar o mínimo possível para efetuar suas compras; logo, os empresários apostam na alavancagem de negócios com esse perfil", explica.

O diretor de Vendas da rede Lojas Marisa, José Luiz Cunha, diz que atualmente 48% das lojas da rede são de rua, uma de cujas grandes vantagens é ter mais capilaridade. "Diferentemente de outros concorrentes, como Renner e C&A, transitamos muito bem entre os dois modelos [o de rua e o de shopping]".

Para Marcelo Dória, do Depósito das Lingeries do bairro de São Mateus, extremo leste de São Paulo, o comércio de rua é a essência do seu negócio. "A visão que se tem da periferia ainda é de preconceito. Mas são muitas as vantagens competitivas, como a proximidade com o cliente e a oportunidade de servir quem sempre foi acostumado a servir."

O varejo também sinaliza uma tendência de ampliação de canais de vendas para cercar o cliente de todas as maneiras, inclusive com apoio da tecnologia, a exemplo das experiências com as redes sociais. O maior varejista brasileiro, o Grupo Pão de Açúcar, guarda um projeto de atuação comercial por meio da tecnologia digital. A companhia não abre detalhes, mas comenta-se no mercado que com apenas o televisor e o controle remoto seria possível fazer compras, por meio de interatividade. Os planos seriam para 2012. Para o professor de Marketing Digital da ESPM Alexandre Marquesi, a televisão digital abarca consumidores que não utilizam a Internet. "Possibilita que pessoas sem interface digital comprem."

Por Bruno Cirillo
Fonte: DCI