Pequenas empresas devem oferecer ao funcionário a possibilidade de aprender e se preocupar sempre com a sua motivação.
Recrutar mão de obra qualificada e conseguir manter profissionais talentosos na empresa é um desafio para negócios de todos os portes. Mas os pequenos empreendimentos enfrentam uma dificuldade adicional, já que nem sempre conseguem oferecer salários compatíveis com aqueles pagos pelas grandes empresas. Para ajudar os pequenos negócios a encontrar soluções para esse problema, o Estadão PME ouviu especialistas no tema.
Confira as dicas a seguir:
Com a escassez de mão de obra qualificada no mercado, muitas empresas vão buscar talentos ainda em formação. “As universidades são um ótimo lugar para encontrar pessoas com grande potencial e conhecimento técnico”, indica Reinaldo Frascino, presidente da Associação Paulista de Gestores de Pessoas (AAPSA). “Os estudantes não têm experiência, mas podem ser treinados para se adequarem ao ritmo da empresa.”
Aceitar indicações dos amigos e dos próprios funcionários também pode dar certo. Outra alternativa é roubar profissionais talentosos da concorrência. Mas seja como for, o melhor a fazer para garantir um bom processo de recrutamento é manter sempre o radar ligado.
“A empresa erra ao começar a buscar um profissional só quando a vaga já foi criada”, avalia Alexandre Prates, especialista em desempenho organizacional e autor de livros sobre o tema. “O ideal é ficar sempre atento e monitorar os bons profissionais do mercado para, quando surgir uma oportunidade, já saber quem chamar.”
Seleção
Para não tropeçar na hora de recrutar pessoas para trabalhar no negócio, o empresário deve antes definir o funcionário deverá fazer e o perfil que ele deve ter. “A pior coisa que pode acontecer a um profissional é ser contratado para realizar um trabalho e, na prática, descobrir que sua função será outra. Isso desmotiva qualquer um”, alerta Prates.
Ao desenhar o perfil da vaga e estipular quais os resultados que se espera daquele funcionário, as regras ficam claras desde o início. “As pessoas hoje querem ser cobradas por resultado, e não pelo tempo que dedicam ao trabalho”, analisa Prates. “Por isso, nada mais justo que comunicar logo de cara o que se espera delas.”
Treinamento
Oferecer um plano de carreira aos funcionários da empresa e investir em treinamento para que eles consigam galgar novos postos é, segundo os especialistas, a fórmula mais adequada para pequenos e médios negócios conseguirem formar uma equipe qualificada. “É uma estratégia de sobrevivência”, resume Fernando Montero da Costa, diretor da Human Brasil, empresa especializada em recrutamento e seleção. “Afinal, ao treinar seus funcionários, a pequena empresa ganha competitividade sem gastar muito”, analisa Costa.
Para o especialista, os empresários não devem apenas pagar cursos para os trabalhadores, mas também treiná-los para realizar melhor as tarefas cotidianas da empresa. “Eles precisam aprender na prática, no dia a dia. Além de eficaz, esse tipo de treinamento é também mais barato.”
Desenvolvimento
A batalha ainda não está ganha. Mesmo depois de conseguir encontrar um bom profissional, conseguir contratá-lo e treiná-lo, a empresa ainda precisa trabalhar para mantê-lo motivado. Caso contrário, ele vai embora.
O primeiro passo, segundo Prates, é deixar o funcionário participar da criação das estratégias e da resolução de conflitos. “Muitos empresários, ao se depararem com um problema, ficam ansiosos e tratam logo de resolver sozinhos. Não dão chance para os funcionários participarem – e até errarem. Agindo assim, eles podem até encontrar uma solução, mas vão perder a oportunidade de fazer o empregado pensar, descobrir novas alternativas e imprimir sua marca no negócio”, avalia Prates.
Ressaltar a importância do trabalho do funcionário e destacar os resultados que ele traz para a empresa são formas de mantê-lo motivado. Reconhecimento também é fundamental. Todo mundo gosta de receber um elogio e saber que acertou. “As pequenas empresas têm uma vantagem nesse aspecto: a convivência do dono do negócio com os funcionários é maior”, observa Prates.
Retenção
Para Fernando Costa, o principal atrativo que as pequenas empresas podem oferecer ao trabalhador – e assim mantê-lo no emprego – é a oportunidade de aprender bastante. “Nos pequenos negócios, o profissional pode ter contato com diversas áreas e possui também mais poder de agir para modificar o funcionamento das coisas. E isso é bastante valorizado pelos trabalhadores modernos”, afirma.
Oferecer chance de crescimento profissional e salarial também é fundamental. Mas aí a pequena empresa esbarra em um problema: como a estrutura é enxuta, chega uma hora que não dá mais para promover o funcionário. Nesse caso, oferecer uma pequena participação societária pode ser um caminho – caso o funcionário seja realmente indispensável. “Nos escritórios de advocacia, esse modelo funciona muito bem”, pontua Costa.
Por Carolina Dall'Olio
Fonte: Estadão - PME
26
setembro 2011